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Apresentadora da RTP faz relato sobre luta contra a depressão: “A vontade que tenho é a de ficar escondida”

Catarina Camacho vive há alguns meses com uma grave depressão e faz um relato muito forte sobre como tem vivido: “Em bom português, viver com depressão é uma m#$%. Passo o tempo a arranjar estratégias para contrariar a falta de vontade para tudo. Estou cansada. A vontade que tenho é a de ficar escondida, esquecida e adormecida num canto qualquer. Mas depois vem ‘a voz do anjinho’ e diz: então e eles? A família, os teus? E lá me levanto e vou… Não por mim, mas por eles”.

Na altura a sua saúde mental piorou com a morte do seu pai: “

Ele tinha medo de morrer.
Eu não lhe dizia, mas o meu maior medo era que ele morresse.
Lembro-me de ser pequena, de acordar a meio da noite sempre com a mesma preocupação. Estaria a dormir?
Ia silenciosamente até ao quarto dele e assegurava-me que respirava. Depois, acabava por adormecer de cabeça encostada ao peito, embalada pelo ritmo daquele coração atlético ( na altura ).
Sou filha única. Fui claramente a menina do papá. Serei sempre.
Com o passar do tempo a inocência própria das crianças vai-se perdendo e a vida deixa de se apresentar “tão mágica”. Verdade?

Sempre tivemos muitas discussões, daquelas feias onde se escolhem palavras más e erradas.
“ Lá estão vocês com esses feitios de leões orgulhosos “ dizia a minha mãe.
E depois, com o mesmo coração de leão, desmanchávamo-nos em sorrisos e de abraço apertado fazíamos as pazes.
“ tréguas até à próxima briga “ rematávamos em tom de brincadeira.
Uma coisa é certa, ainda que por caminhos tortos nunca deixámos nada por dizer. E o nosso coração ficava limpo e sereno.

Se nesta vida nós escolhemos os nossos pais…então a minha missão com ele foi claramente ser mais mãe do que filha (dizia ele e sentia eu ).
Ele tinha tanto medo de morrer.
Eu tinha tanto medo que ele morresse e não lhe dizia.
Dá-me a mão. E assim ficávamos até o medo passar.
Ele tinha medo de morrer… e morreu.
Morreu sem mim, sem mãos dadas a ninguém, sem aviso.
Foi-se. Num só sopro.
O meu pai morreu. Morreu o meu pai. Pai tu morreste mesmo?
( Tenho que repetir isto muitas muitas vezes porque…dias depois ainda me custa a acreditar ).

Se ainda tens os teus por perto, não percas tempo. Perdoa de verdade, abraça com alma, diz, pergunta, faz, escreve, telefona, não deixes para depois. O depois pode não chegar para tudo”.

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